Poeta corporal sendo construída e reconstruída sucessivamente. Minha história envolve, desde minha chegada aqui na Terra, muita leitura e indagações sobre o ser humano, sempre em busca de compreender e avançar determinadas armadilhas de nossas mentes, nossas consciências, nossos pensamentos.
Essa curiosidade impulsionou-me a ler e envolver-me com todas as informações deixadas pelos grandes pesquisadores, mentores da nossa humanidade, começando pela Filosofia, Psicologia, Mitologia até a concretude de nosso corpo, da anatomia humana sob outra perspectiva, sendo um conjunto corpo, corpo e corpo... Nada além. Tudo está registrado em nosso corpo.
Então entrei para a universidade, formando-me primeiro em Educação Física e posteriormente, canalizando minha formação profissional para a práxis, o eixo, através de práticas corporais.
Após estudar várias teorias educacionais, em especial na área da Educação Física Escolar, deparei-me com a proposta da Pedagogia da Cultura Corporal, a qual me identifiquei, e comecei a adentrar ao campo teórico a qual ela faz parte, os Estudos Culturais e o Multiculturalismo Crítico.
Ao iniciar o ano letivo de 2014, decidi colocar em prática o Currículo Cultural, que havia estudado no Curso de Extensão Universitária, “Cultura Corporal: fundamentação e prática pedagógica”¹, em 2013, e me identificado com essa proposta pedagógica. Sempre me questionava sobre o objetivo das aulas de Educação Física, pois não aceitava a ideia em perpetuar uma prática sectária, ultrapassada, conservadora e formadora de atletas. Eu já trilhava outros caminhos, mas ainda sentia falta de uma fundamentação teórica mais condizente com a minha prática. E, foi nesse momento de estudos que comecei a trabalhar as minhas ações didáticas pautada no Currículo Cultural.
Um currículo cultural da Educação Física prestigia, desde seu planejamento, comportamentos democráticos para a decisão dos conteúdos e atividades de ensino. Valoriza a reflexão crítica sobre práticas sociais da cultura corporal do universo vivencial dos alunos para, em seguida, aprofundá-las e ampliá-las mediante o diálogo com outras vozes e outras manifestações corporais. No currículo cultural, a experiência escolar é um campo aberto ao debate, ao encontro de culturas e à confluência da diversidade de manifestações corporais dos variados grupos sociais. É um campo de disseminação de sentidos, de polissemia, de produção de identidades voltadas para a análise, interpretação, questionamento e diálogo entre e a partir das culturas (NEIRA, 2011).
Atualmente, professora titular da E.E.Caetano de Campos-Consolação, desenvolvo todas as minhas práticas fundamentadas nesses pressupostos teóricos.
¹O curso discute, fundamenta e apresenta alternativas para o desenvolvimento de um currículo de Educação Física sintonizado com a heterogeneidade da sociedade contemporânea, dado o compromisso da escola atual com uma formação voltada para a participação democrática e equitativa na esfera pública. Parte do confronto de uma visão de Educação Física alicerçada nas Ciências Humanas onde a gestualidade é concebida como forma de linguagem que veicula significados culturais com as investigações de campo realizadas no âmbito do Grupo de Pesquisa em Educação Física Escolar da FEUSP.